domingo, 12 de julho de 2009

Minha amiga, Tete Bezerra

Mulher de fibra, educada,
amiga dos amigos que dela precisam,
tem sempre uma palavra pensada,
para confortar aqueles que necessitam.

Seja de noite ou de dia,
ela está pronta para ajudar,
não se importando com a valia
que essa ajuda vai lhe custar.

Não se importa com os invejosos,
porém deles tem compaixão,
chegando a lhes dá seu perdão.

Tete, mesmo sendo irmã de uma Deputada famosa
não usa o nome famoso para lhe dá proteção
porque para ela a vida tem que ter muita luta e abdicação

terça-feira, 7 de julho de 2009

A ausente (Vinícius de Morais)

Amiga, infinitamente amiga
Em algum lugar teu coração bate por mim
Em algum lugar teus olhos se fecham à idéia dos meus.
Em algum lugar tuas mãos se crispam, teus seios
Se enchem de leite, tu desfaleces e caminhas
Como que cega ao meu encontro...
Amiga, última doçura
A tranqüilidade suavizou a minha pele
E os meus cabelos. Só meu ventre
Te espera, cheio de raízes e de sombras.
Vem, amiga
Minha nudez é absoluta
Meus olhos são espelhos para o teu desejo
E meu peito é tábua de suplícios
Vem. Meus músculos estão doces para os teus dentes
E áspera é minha barba. Vem mergulhar em mim
Como no mar, vem nadar em mim como no mar
Vem te afogar em mim, amiga minha
Em mim como no mar...

domingo, 5 de julho de 2009

Deus e o Diabo na Terra do Sol (Adriano de Sousa)

Aqueles éramos nós e não eram
eram os couros as cangas a voz
os olhos abismados à espera
de qualquer coisa além de nós

mas as palavras elas não eram
não aquelas infusas em avelós
acesas na febre das quimeras
a irromper dos cafundós

da alma que não não era
embora sejamos nós
aqueles inertes à espera
de palavras (de uma voz)
que (ao menos) desesperem
os nossos dias a nossa voz

sábado, 4 de julho de 2009

Ternura (Vinícius de Moraes)

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentando
Pela graça indizível
dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçurados que aceitam melancolicamente.
E posso te dizerque o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavrasdos véus da alma...
É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta,
muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade
o olhar estático da aurora.

AUTOPSICOGRAFIA (Fernando Pessoa)

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas da roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama o coração.

Motivo (Cecília Meireles)

Eu canto porque o instante
a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei.
Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto.
E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

SORRI (Charles Chaplin)

Quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos, vazios...

SORRI Quanto tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador

SORRI Quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados, doloridos...

SORRI Vai mentindo a tua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz...

Amo sua amizade!